O movimento Canteiros Coletivos é uma iniciativa cidadã, autônoma e apartidária de recuperação de praças e canteiros abandonados da cidade de Salvador.

Sua intenção é de mobilizar moradores, comerciantes e usuários de bairros soteropolitanos para a recuperação, a conservação e o bom uso do espaço público, que é um patrimônio de todos.

Um dos principais objetivos do movimento é incentivar a recuperação de áreas urbanas esquecidas através de mutirões de limpeza, plantio e intervenção artística, transformando-as em equipamentos de fruição e geração de renda para comunidades locais.

Nos mutirões, cada participante contribui com o que pode: doação de materiais, ferramentas e mudas, caronas solidárias, divulgação das ações, organização do espaço, recepção de novos participantes, registro fotográfico e em vídeo das intervenções.

Intervir no espaço público é uma forma de provocar uma cidadania mais ativa, fazendo com que todos se compreendam como atores essenciais no cuidado das áreas comuns da cidade.

Abertas a qualquer interessado, as ações do movimento servem também para instigar novos moradores a replicar a ideia em seu bairro e para mostrar que nós, moradores, também somos responsáveis pela “cara” do lugar em que vivemos.

A ORIGEM

O movimento Canteiros Coletivos nasceu em fevereiro de 2012 a partir de debates sobre a cidade de Salvador nas redes sociais, quando foi programada a primeira ação, no canteiro do Vale do Canela.

Com a visibilidade gerada pela primeira experiência, o coletivo recebeu convites para atuar em outras áreas da capital.

O Curiar – Escritório Modelo de Arquitetura da UFBA convidou os Canteiros para recuperar áreas verdes na comunidade do Gantois, na qual iniciou um projeto com a proposta de levar seus conhecimentos para fora dos muros dauniversidade.

Outros convites partiram do Cine Teatro Solar Boa Vista, no Engenho Velho de Brotas, do projeto Bairro-Escola Rio Vermelho e da ONG Estrela da Paz, no bairro periférico de Valéria.

Destes espaços, quatro continuam a contar com intervenções do movimento: Vale do Canela, Gantois, Solar Boa Vista e Praça do Pôr-do-sol – esta última, no Rio Vermelho.

As ações contínuas de plantio, manutenção, pintura e ocupação cultural dos espaços têm também se desdobrado em inserções na mídia, participações em seminários e eventos e mobilizações nas redes sociais, divulgando a um número cada vez maior de moradores a possibilidade que cada um tem nas mãos de transformar a cidade.

PROJETO FORMAÇÃO CIDADÃ E PORTAL DOS CANTEIROS COLETIVOS

No segundo semestre de 2012, o movimento Canteiros Coletivos decidiu se envolver mais profundamente com as comunidades do entorno dos espaços então escolhidos, provocando-as a tomar para si a responsabilidade de manter as áreas verdes e bem cuidadas.

Neste sentido, foi muito importante a parceria com o Instituto de Permacultura da Bahia (IPB), que viabilizou a aprovação do Projeto Formação Cidadã e Portal dos Canteiros Coletivos através do apoio do Oi Futuro, instituto de responsabilidade social da Oi.

Com a proposta, as intervenções espontâneas nas áreas do Gantois e do Engenho Velho de Brotas se transformam agora em oficinas formativas, com duração de dez meses.

A ideia é potencializar as ações nas duas comunidades, instrumentalizando-as com tecnologias sociais que permitam a manutenção das áreas verdes, as intervenções artísticas e o uso mais sustentável do espaço público em seus bairros.

Outro componente importante do projeto é a proposta de capacitar jovens lideranças locais para comunicar e disseminar suas intervenções, gerando conteúdo online que ajude a mobilizar moradores, outras comunidades e atores interessados em replicar as experiências.

As aulas gratuitas, divididas em duas fases de cinco meses, são de:

Princípios de Ecologia
Ajudam a planejar o uso do espaço público de forma integrada através da abordagem de princípios básicos dos ciclos naturais de energia e matéria e da transmissão de conteúdos sobre o equilíbrio e desequilíbrio na relação homem com a terra, a reprodução de espécies e o manejo de hortas.

Jardinagem & Paisagismo
Abordam noções de plantio e manutenção de jardins, manejo de ferramentas e do solo, espécies adequadas para a área urbana, reprodução de mudas e estética dos espaços verdes. Mostram também a importância do Sistema Agroflorestal e da cobertura orgânica para a fertilidade do solo.

Arte Urbana – Criatividade em Artes Plásticas
Transmitem noções básicas de desenho, pintura acrílica, técnicas de spray, criação de ícones e personagens, uso de cores e desenvolvimento de texturas. Instigam os participantes e expressar as características de sua comunidade através da arte reproduzida em estruturas públicas.

Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Liderança
Programada para a segunda fase do projeto, tem o objetivo de capacitar jovens lideranças a produzir textos, vídeos, fotos e áudios que registrem suas intervenções no bairro, alimentando o portal do projeto com conteúdos multiplicadores e propondo uma rede online de gestores de espaços públicos.